Padrão
Não se pode cansar de dizer o quanto Fernando Pessoa é genial e o quanto sua obra é vasta. No entanto, ao se juntar a capacidade do autor com um tema excelente, a história de Portugal, saiu Mensagem. Sempre digo que tenho pena de quem não fala português. Somos poucos nativos e muito poucos que aprenderam. E todo o resto do mundo, não pode nem imaginar o que está perdendo. Como está escrito um pouco depois, também na segunda parte da obra é que "mas o que a eles não toca é a magia que evoca o Longe e faz dele história."
Mensagem conta a história de Portugal. A primeira parte, descrevendo o escudo português, Fernando Pessoa vai contando a história de Portugal até a época das grandes navegações. Na segunda parte, O Mar Português, ele faz uma homenagem aos principais navegadores, os quais não eram simplesmente gente ignorante que o rei conseguia obrigar a entrar no barco atrás do dinheiro, mas eram pessoas que tinham estudado muito e eram, muitas vezes de famílias importantes de então. A terceira parte fala do futuro previsto pelo autor, o qual imaginava uma era onde Portugal voltasse a ser a nação mais importante do globo. Grande parte da teoria dele vem de suas doutrinas, que eu explico quando colocar alguma coisa dessa parte.
O Padrão é a homenagem à Diogo Cão, navegador que descobriu como chegar até o sul da África ao perceber que muitas vezes era necessário navegar ao laro, sem ver a terra. E isso só era possível pelo sistema de navegação e localização desenvolvido pelos navegantes. Apreciem e pensem sobre o significado.
Padrão - Mensagem - Fernando Pessoa
O esforço é grande e o homem é pequeno.
Eu, Diogo Cão, navegador, deixei
Este padrão ao pé do areal moreno
E para diante naveguei.
A alma é divina e a obra é imperfeita.
Este padrão sinala ao vento e aos céus
Que, da obra ousada, é minha a parte feita:
O por-fazer é só com Deus.
E ao imenso e possível oceano
Ensinam estas Quinas, que aqui vês,
Que o mar com fim será grego ou romano:
O mar sem fim é português.
E a Cruz ao alto diz que o que me há na alma
E faz a febre em mim de navegar
Só encontrará de Deus na eterna calma
O porto sempre por achar.