quarta-feira, 10 de abril de 2013

Não Comerei da Alface a Verde Pétala

Um dos mais recentes poetas brasileiros, Vinicius de Moraes provavelmente se imortalizou por uma de suas obras mais simples: "Lá vem o pato, pata aqui, pata acolá. Lá vem o pato para ver o que é que há". Naquele tempo, músicos faziam música e poetas escreviam suas letras. Vinicius de Moraes foi o mestre nessa arte. Escreveu letras para samba, MPB e finalmente músicas infantis as quais são lembradas hoje e certamente por muitas mais gerações. Além disso, ele também é o poeta da boemia moderna, e embora a maior parte da maioria dos poemas não seja propriamente popular, ainda muitas frases prontas que falamos (sem saber na maioria das vezes) são trechos de seus poemas. Seus trabalhos como jornalista e diplomata acabaram se tornando com o passar do tempo irrelevantes, enquanto suas "citações" passam ao futuro.


Não comerei da alface a verde pétala - Vinicius de Moraes


Não comerei da alface a verde pétala
Nem da cenoura as hóstias desbotadas
Deixarei as pastagens às manadas
E a quem maior aprouver fazer dieta.

Cajus hei de chupar, mangas-espadas
Talvez pouco elegantes para um poeta
Mas peras e maçãs, deixo-as ao esteta
Que acredita no cromo das saladas.

Não nasci ruminante como os bois
Nem como os coelhos, roedor; nasci
Omnívoro: dêem-me feijão com arroz

E um bife, e um queijo forte, e parati
E eu morrerei feliz, do coração
De ter vivido sem comer em vão.

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