Como expoente de uma parte diferente do período simbolista no Brasil está Augusto dos Anjos. O poeta paraibano, morto com apenas 30 anos é um dos mais voltados ao desespero e angústia da literatura brasileira. Além disso, ele inova ao utilizar termos técnicos de medicina em seus poemas. Seus primeiros versos datam de seus sete anos, mas pela vida breve, teve apenas 1 livro publicado, EU, postumamente intitulado Eu e Outras Poesias, devido a alguns acréscimos. O soneto abaixo, talvez um de seus mais famosos mostra toda a angústia e o desprezo pelo mundo, marcas características do poeta.
Versos Íntimos - Augusto dos Anjos
Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
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